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O que é Fé Reformada ?

O que é Fé Reformada ?

O QUE É A FÉ REFORMADA?

 

 

1. Palavras Iniciais

            Basicamente, quando falamos de Fé Reformada, referimo-nos à verdadeira religião cristã como foi recuperada durante a Reforma Protestante dos séculos dezesseis e dezessete. Conseqüentemente, o leitor não encontrará aqui estudos daqueles pontos cardeais da religião cristã que as Igrejas Reformadas compartilham com as outras Igrejas, a saber, a Trindade, a expiação, a justificação pela fé, o nascimento virginal e a ressurreição corpórea de Jesus, seu milagres e a inspiração das Escrituras Sagradas. A Fé Reformada adota todas as doutrinas apostólicas estabelecidas na Bíblia e formuladas em credos pelos grandes concílios ecumênicos da igreja primitiva.

            É importante reconhecer que essas doutrinas foram de várias formas mal interpretadas pelos diversos ramos da Igreja visível. Quais dessas interpretações pertencem à Fé Reformada e quais não pertencem? A resposta a essa pergunta somente pode ser obtida pelo estudo cuidadoso dos credos, das confissões e catecismos Reformados – muitas citações dos quais serão encontradas neste estudo.

            Qualquer definição adequada da fé Reformada deve focalizar-se na doutrina. Entretanto, a mera “aquisição” de algum ponto de verdade abstrato não qualifica um individuo ou uma Igreja como “Reformada”. Antes, a Fé Reformada é um relacionamento com Deus, através da mediação de Jesus Cristo, baseado no Evangelho revelado por Ele e pelas Escrituras Sagradas.

            O conteúdo deste trabalho é seletivo e não abrange toda a fé cristã; não se pretende nem objetiva oferecer um resumo exaustivo da Fé Reformada.

 

2. A Fé Reformada como a forma mais consistente de Cristianismo

            A Fé Reformada é a religião Cristã em sua expressão mais consistente. Esta não é uma reivindicação de que outras, que não seguem as confissões Reformadas, não sejam Cristãs. É simplesmente a insistência de que há apenas uma religião verdadeira e de que sua expressão mais consistente é a Fé Reformada. O próprio Jesus disse: “13. Entrai pela porta estreita; porque larga é a porta, e espaçoso o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que entram por ela; 14. e porque estreita é a porta, e apertado o caminho que conduz à vida, e poucos são os que a encontram.” (Mt. 7.13-14) Não há duvida de que alguns vêem este caminho mais claramente do que outros. E Jesus não disse que apenas os consistentes seriam capazes de entrar. Mas como é claro que há apenas um caminho!.

            Além disso, Jesus claramente insistiu para que este único caminho de salvação fosse ensinado consistentemente. “18 E, aproximando-se Jesus, falou-lhes, dizendo: Foi-me dada toda a autoridade no céu e na terra. 19 Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; 20 ensinando-os a observar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos.”(Mt. 28.18-20). A manutenção do conteúdo consistente e integral da religião verdadeira é assunto de maior importância.

            Não nos cabe julgar o quanto um pecador em particular deve saber para que seja salvo. Mas não há dúvida quanto à tarefa da Igreja neste mundo: preservar integralmente a palavra de Cristo com ensino consistente e fiel.

 

1ª PARTE

Os Princípios Reformados

 

1. Base Bíblica

            A Fé Reformada considera a Bíblia com a maior seriedade. Esta não é senão outra maneira de dizer: “Porque dele, e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém.” (Rm. 11.36). A Fé Reformada busca manter corretamente entendido o ensino integral da Bíblia. Não temos espaço aqui para desenvolver as ênfases específicas da Fé Reformada. Mas esperamos que apenas através deste breve estudo o leitor poderá: (1) ver que há uma profunda diferença entre a Fé Reformada e todas as demais formulações menos consistentes da Fé Cristã e (2) ser desafiado a investigar com mente aberta nossa reivindicação de que esta Fé Reformada é nada mais nada menos, que o ensino que a Bíblia consistentemente expressou.

 

a. Suficiência

            A Fé Reformada encontra toda a sua autoridade no ensino da Palavra de Deus. A Bíblia é a única regra infalível sobre o que devemos crer e como devemos viver. Revelações carismáticas contínuas, profecias ou línguas estranhas não mais são necessárias porque Deus falou Sua Palavra final e toda suficiente ao completar-se o cânon das Escrituras. A Bíblia e apenas a Bíblia - esta é nossa confissão!

 

b. Necessidade

            A Bíblia é a revelação da vontade e da pessoa de Deus. “o homem não vive só de pão, mas de tudo o que sai da boca do Senhor” (Dt 8.3). Mas as pessoas tentam por natureza viver de pão apenas sem aquela Palavra; eles tentam viver pela sua própria sabedoria (cf. Sl. 36.1-4). A verdade, entretanto, é que homem nenhum pode viver sem a luz da revelação especial de Deus.

            Isto era verdade para o primeiro homem criado, Adão, mesmo antes de ele cair em pecado ao negar a luz de Deus e desobedecê-LO. Adão, embora criado perfeito e com a lei de Deus inscrita em seu coração, mesmo assim necessitava de que uma luz exterior brilhasse sobre ele para habilitá-lo a andar de acordo com as ordens de Deus. Adão ainda necessitava de que Deus falasse com ele. Ele sabia muito, em virtude de ter sido feito à imagem de Deus, mas ainda necessitava da voz divina. E é também assim com todos os descendentes de Adão, gostem eles ou não de ouvir isto. Em Romanos 1.21, o apóstolo Paulo faz a surpreendente afirmação de que por natureza todos sabem a respeito da existência e poder de Deus devido ao Seu trabalho na criação do universo, e ainda assim rejeita e despreza essa luz que eles têm.

            Desde a queda da humanidade, a vontade humana foi grosseiramente pervertida. Cada um de nós, afastados da ação salvadora de Deus, quer seguir seu próprio caminho, ao invés do caminho de Deus. Este caminho, expresso na lei de Deus, é parte do íntimo do nosso ser. Ninguém pode escapar da consciência, a qual gera uma constante atividade de acusar ou desculpar. Mas a linha básica é que, afastados do trabalho regenerador de Deus, todos nós odiamos a lei de Deus porque somos descendentes do Adão caído (cf. Jo 3.19-20).

            Conseqüentemente, nossa única esperança é o Evangelho. Após declarar que o homem ama a escuridão, Jesus disse “21 Mas quem pratica a verdade vem para a luz, a fim de que seja manifesto que as suas obras são feitas em Deus.” (Jo 3.21). As Escrituras Sagradas são “indispensáveis” porque somente através dela vem “aquele conhecimento de Deus e da sua vontade necessário para a salvação” (Confissão de Fé de Westminster I.1).

            Os cristãos precisam da Bíblia também. Disse Jesus “Se vós permanecerdes na minha palavra, verdadeiramente sois meus discípulos;” (Jo 8.31). Como conheceremos esse ensino a menos que nosso caminho seja iluminado? Os crentes mostram-se serem felizes portadores da graça de Deus ao obedecer a Sua Palavra e andar na Sua luz.

 

c. Inerrância

            A Bíblia está livre de erros, uma vez que foi entregue pelas mãos de Deus. O salmista diz o seguinte: “A lei do Senhor é perfeita... Os estatutos do Senhor são dignos de confiança... Os preceitos do Senhor são justos... O temor [objeto de referência, chamado, a Palavra de Deus] do Senhor é puro” (19:7-9). A ultima característica significa “sem defeito”. Será que nós imaginávamos de outra forma, sabendo que a Bíblia é o sopro de Deus? (Ref. 2 Tim. 3:16, “Toda escritura é inspirada por Deus” e 2 Pe. 1:21, “Pois a profecia nunca teve sua origem na vontade humana, mas os homens falaram de Deus sendo levados pelo Espírito Santo.”— O verbo grego para “sendo levados” algumas vezes descreve o efeito que o vento faz em um barco a velas.).

            A Bíblia não caiu do céu. Homens escreveram, mas com sua forma de escrita, com toda variedade de vocabulário e estilo próprio, o Espírito Santo, pela sua palavra e exposição, foi determinante para o resultado da Palavra. Os autores humanos foram levados pelo seu poder, assegurando que o produto seria sem defeito. Conseqüentemente, como a Fé Reformada insiste, a Bíblia é infalível e absolutamente digna de confiança.

 

d. Clareza

            A Bíblia é clara e isso é fruto de sua inerrância. Salmo 19:8 diz, “Os mandamentos do Senhor são radiantes, trazendo luz aos olhos.” A analogia (trazer luz) é: sem mácula, pura, que não se mistura com outro material conflitante ou controverso. A Bíblia não seria clara se houvesse uma mistura de verdades e erros. Isso não quer dizer que tudo o que contém na Bíblia está igualmente formado. Existem doutrinas nas Sagradas Escrituras que confundem a mente. Nos sabemos o que a doutrina da Trindade não significa (a igreja primitiva gastou centenas de anos para definir as “explicações”!). Nós sabemos como a Bíblia nos apresenta esse assunto: existe um só Deus; esse Deus único existe em três pessoas; cada pessoa é distinta. As crenças reformadas não declaram poder esclarecer isto. Mas eles firmemente crêem nisto. Não há uma necessidade para que “experts” no assunto, nos guiem através “caminhos obscuros”. Pois como diz nossa confissão de fé: “Na Escritura não são todas as coisas igualmente claras em si, nem do mesmo modo evidentes a todos; contudo, as coisas que precisam ser obedecidas, cridas e observadas para a salvação, em um ou outro passo da Escritura são tão claramente expostas e explicadas, que não só os doutos, mas ainda os indoutos, no devido uso dos meios ordinários, podem alcançar uma suficiente compreensão delas.” (CFW, I-7).

 

2. Teocentricidade

 

a. Sua Glória

            O Breve Catecismo de Westminster toma seu primeiro passo sobre as verdades cristãs, afirmando que “O fim principal do homem é glorificar a Deus e gozá-lo para sempre” (Primeira Pergunta). È apresentado no texto abaixo aquilo que certamente reflete as Sagradas Escrituras: “Portanto, quer comais, quer bebais ou façais outra coisa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus.” (1 Cor. 10:31); “Quem mais tenho eu no céu? Não há outro em quem eu me compraza na terra.” (Sl. 73:25).

            Glorificar a Deus, ou buscar a glória de Deus é certamente um conceito bem central na fé Cristã. Mesmo assim, como muitas palavras e frases familiares, esse ponto não admite uma fácil explicação.                       Entretanto, isso é importante para nós termos uma boa noção bíblica do que realmente significa, porque isso nos leva ao âmago de nossa Fé, e sem dúvida, daquilo que Deus quer que conheçamos e façamos. Perceba que o Catecismo não faz uma pausa para provar a verdade que o mesmo explica; ele começa de uma só vez afirmando em extensos termos o que Deus é, e o que nós devemos a Ele é um coração contrito e entregue para sua glória e louvor.

            O que nós cremos e dizemos sobre o próprio Deus é o começo e o fim de toda palavra e moral. Asafe, no Salmo 73, confessa que a sua aflição só aumentarem quando ele se afastou de um humilde reconhecimento da verdade de todas as verdades: Deus é Jahvé, o nome pelo qual Ele se revela a Moisés na sarça ardente, significa “Eu sou”. Os teólogos têm uma palavra especial para esse tão “confuso” atributo de Deus que é apresentado aqui; eles tratam esse ponto como parte de sua característica. Ele somente é, por Ele mesmo, independente de qualquer outra coisa.

            Perceba a progressão na experiência de Asafe. Sua tentação era ver o mundo separado de Deus, com os fracos (vers. 3-11). Seu pensamento conduz ao ateísmo prático (vers. 12-14). Sua vida inteira, corpo e espírito, eram compreensivelmente devastados (vers. 4, 16, 21, 22). Mesmo, sua cura (restauração) necessariamente envolveria um novo e humilde comprometimento com a pessoa de Deus, como a experiência vivida por Jó (vers. 17-20).

            Deus é glorioso em si mesmo, separado de toda sua criação. Ele tem glória N’Ele mesmo. É sua própria glória, e ela é total, completa e perfeita. De fato, Deus foi revelado a Israel como “o Deus de Glória” (Sl. 29:3). Glória é o que faz D’Ele Deus , não há divindade sem glória. A palavra hebraica é shekinah, que se refere ao radiante esplendor de sua pessoa, a luz do ser de Deus. Você se lembra do pilar formado por uma nuvem branca durante o dia e um pilar de fogo durante a noite? Isto foi a manifestação de Sua beleza, Seu ser maravilhoso.Todas as palavras serão insuficientes, tudo que podemos declarar é que Ele é glorioso.

 

b. A Sua Salvação Triúna

            Mas como nós, que estamos mortos em nossos erros e pecados, alcançamos este alto e digno objetivo? A resposta se encontra no fato de que o verdadeiro Deus, o Deus da Bíblia, que é triúno, se tornou nosso salvador.

            Quando enfatizamos que é o Deus triúno – Pai, Filho e Espírito Santo – que nos salva, a fé reformada diz claramente na essência da histórica Fé Cristã. Consulte, por exemplo, o antigo Credo Apostólico – a mais antiga confissão cristã, na qual você encontrará três seções, cada uma começando com uma expressão de fé em uma das três pessoas da trindade: “Deus o Pai todo poderoso, Criador dos céus e da terra... Jesus Cristo, seu filho único, nosso Senhor... [e] o Espírito Santo.”

 

            Nas seções que vem logo a seguir, nós resumiremos brevemente os cinco pontos do Calvinismo:

1. Depravação Total – O homem em seu estado natural está morto em suas faltas e pecados.

            Esta antiga convicção da igreja cristã, de que o homem, estando morto, por suas faltas e pecados (Ef. 2:1,5) – não pode salvar a si mesmo. Mesmo assim, o ser humano tenta freqüentemente fazer algo que o traga para sua própria salvação! Mas Jesus disse: “Quem permanece em mim, e eu, nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer.” (João 15:5). É por essa razão que a Bíblia diz que Deus é o único autor da conversão do ser humano. Qualquer pessoa que ouvir do Evangelho é inclinado por Deus para aceitá-lo. Ele é livre para aceitar. Mas, e aqui está o grande problema, ele não é capaz de aceitar, porque ele não tem um desejo santo ou vontade própria para fazê-lo. “Pode, acaso, o etíope mudar a sua pele ou o leopardo, as suas manchas? Então,poderíeis fazer o bem,estando acostumados a fazer o mal?” (Jer. 13:23).

            A natureza pecaminosa do homem, e somente isso, torna impossível para o ser humano fazer qualquer coisa que o traga próximo a sua própria salvação. Como Jesus uma vez disse: “para o homem isso é impossível...” (Mt. 19:26). É impossível para aqueles que estão mortos no pecado receber Jesus Cristo como ele gratuitamente ofereceu no seu evangelho. Quão agradecidos nos deveremos ser, então, Jesus veio dizer, “... porque com Deus todas as coisas são possíveis.”

            A Fé Reformada nos ensina que a habilidade humana sofreu uma mudança drástica como resultado da sua queda no pecado. O homem era originalmente livre e capaz de fazer a vontade de Deus. Mas “por causa de sua queda em um estado de pecado”, ele teve “total perda de suas habilidades de querer fazer qualquer bem espiritual, junto com a salvação: então como, um homem natural, sendo adverso a tudo que seja bom, e morto no pecado, não é capaz, pela sua própria força, de converter a si mesmo ou preparar-se para tal situação?” (CFW, IX: 3).

            Deus não tirou do homem a habilidade de fazer o bem. Tanto que enquanto plano de Deus, o homem ainda é livre para fazer o bem. Mas ele não tem a habilidade para fazer o bem; mas é de fato “totalmente indisposto, incapaz e feito em oposição a tudo o que é bom, e totalmente inclinado para o mal” (CFW, VI: 4). É isto o que as escrituras ensinam, quando elas dizem, “Por isso, o pendor da carne é inimizade contra Deus, pois não está sujeito à lei de Deus, nem mesmo pode estar”(Rom. 8:7). A depravação do homem, em outras palavras, é total por natureza.

 

2. Eleição Incondicional – Deus o Pai escolheu soberanamente aqueles que serão salvos.

            Todos os cristãos confessam que Deus é soberano. Mas não tem valor algum dizer que Deus é supremo, a não ser que nós realmente tenhamos a intenção na inteireza de nossa confissão. Mas ouça: “Deus, por toda a eternidade, fez, pelo mais sábio e santo conselho de sua própria vontade, livremente, e de ordem imutável tudo aquilo que vier a ser” (CFW, III: 1). E novamente: “Deus o grande criador de todas as coisas e mantenedor direto, dispõe, e governa todas as criaturas, ações, e coisas, das maiores as menores” (CFW, V:1). Não existe, em todo universo, algo como “sorte” ou “chance”. Este é o ensinamento que significa que Deus realmente é Deus. Pois como dizem as Escrituras, “Todos os moradores da terra são por ele reputados em nada; e, segundo a sua vontade, ele opera com o exército do céu e os moradores da terra; não há quem lhe possa deter a mão, nem lhe dizer: Que fazes?” (Dn4:35). Não é meramente que Deus pode fazer sua vontade e sim que Ele realmente a faz – sem nenhuma interferência de ninguém ou coisa alguma.

            Mesmo em respeito ao homem caído em Adão, e o destino eterno de homens e anjos, a Confissão Reformada diz que Ele é Senhor de tudo. “Pelo decreto de Deus, pela manifestação de sua glória, alguns homens e anjos são predestinados para vida eterna; e outros, ordenados de antemão para morte eterna... Seu número não é certo e definido, e não pode ser acrescido ou reduzido.” (CFW, III: 3-4). Mas também, que seja imediatamente observado que esta mesma confissão enfaticamente nega que Deus seja o autor do pecado ou que a violência é oferecida pela vontade das criaturas por seu controle divino (III:1). Isto parece contraditório, claramente, por que parece que se Deus controla todas as coisas, então tem que ser sua culpa se o homem está condenado. Mas este não é o caso. As Escrituras não explicam como Deus determina o destino humano enquanto, assim mesmo, a responsabilidade total pelos pecados repousa em nossos ombros. Somente sabemos que é assim. A diferença da Fé Reformada e outros tipos de confissões cristãs não muito consistentes é que a Fé Reformada não argumenta ou tenta racionalizar contra a supremacia de Deus. Não contra aquilo que a Bíblia deixa claro.

            É um antigo objetivo da doutrina da Absoluta Soberania de Deus, que não pode ser colocado como um meio desqualificado sem a negação da liberdade humana. Pois como, é a pergunta, pode o homem ser livre se Deus controla todas as coisas? Muitos quando encaram esse problema, imediatamente decidem que Deus não pode ser absolutamente soberano no fim das contas. Mas isso não somente representa equivocadamente a Deus, mas também faz compreender mal o homem, pelo fato da liberdade do ser humano ser realmente limitada. Existem muitas coisas que ele não pode fazer por causa de suas limitações devidas à herança, meio ambiente, educação familiar, e oportunidades. E todas essas limitações foram impostas por Deus. Ele é verdadeiramente Senhor de Tudo, e “segundo o propósito daquele que faz todas as coisas conforme o conselho da sua vontade” (Ef. 1:11). E – como já temos visto – o ser humano é também limitado pela perda de suas habilidades. Então, não é a soberania de Deus que torna impossível para o ser humano fazer aquilo que precisa ser feito! Não, foi a própria rebeldia que fez isto.

            Voltemos ao mundo antigo, antes do dilúvio, e o que você vê? Vemos o retrato daquilo que o ser humano escolheu pela sua própria e livre vontade! Mas então vemos que um homem e sua família forem salvos da ruína total. Mas por que foi ele salvo? Era Noé melhor que os outros homens? Era ele bom o suficiente para escolher Deus pela sua habilidade natural e inclinação de seu coração? Se esse fosse o caso, a Bíblia não teria dito que ele “achou graça” aos olhos de Deus. Ela então afirma o seguinte, porque Noé não merecia a misericórdia de Deus mais do que qualquer outro; Deus simplesmente o escolheu. E por que Deus salvou a Abraão? Seu povo adorava a “outros deuses” (Josué 24:2), ainda assim Deus o tirou de Ur dos Caldeus. Deus também fez uma distinção ainda maior entre seus descendentes: Ele escolheu Isaque, não Ismael, como herdeiro da promessa. Então, para ser ainda mais conclusivo, ele disse para Isaque e Rebeca antes de seus filhos gêmeos nascerem, “O mais velho servirá ao mais moço’... ‘Amei a Jacó, mas odiei a Esaú” (Rom. 9:12-13). Ele assim o fez “para que o propósito de Deus na eleição se mantivesse” (vers. 11), para esclarecer que não “depende do desejo humano ou esforço, mas na misericórdia de Deus” (vers. 16), e para mostrar que “Deus mostra sua misericórdia para aqueles a quem ele quer que recebam sua misericórdia, e endurece aqueles que ele quer endurecer” (vers. 18). Deus é como um oleiro; de um pedaço de argila Eles faz “alguns vasos de bênçãos e vasos de maldição” (ver. 21). Esta é a eleição incondicional. Simplesmente significa que Deus tem a decisão final sobre os que serão salvos, e Ele não os escolhe pelo fato de terem algo diferente em si mesmos.

            E qual é a reação mais comum para essa doutrina maravilhosa? Bem, é mais ou menos assim: “Se eu sou eleito, serei salvo independente daquilo que eu venha fazer. E se eu não sou eleito, não fará nenhuma diferença o que eu faço ou deixo de fazer, por que Deus não irá me aceitar de qualquer jeito.” A natureza corrupta do homem, sempre quer “virar a mesa” e culpar a Deus ao invés de si mesmo. Mas os caminhos de Deus não são os nossos caminhos. Sua eleição soberana não destrói de forma alguma nossa responsabilidade.

            Se seu medo é de que você não seja eleito, sua posição é bem parecida com a dos leprosos mencionados em 2 Reis 7:3-8. Jerusalém estava sitiada e o povo estava morrendo de fome; do lado de fora dos muros de Jerusalém estavam os soldados da Síria. Então um dos leprosos disse, “Por que ficar aqui até morrermos?... Vamos ao acampamento dos Sírios e nos render. Se eles nos pouparem, viveremos; se eles nos matarem, então morreremos.”

            Assim é com pecadores perdidos a oferta do evangelho. Se ficarem como estão, morrerão; Se eles buscarem ao Senhor em arrependimento e fé, não é possível que faça a situação piorar. Alem do mais, Jesus disse que ninguém que faz a sua vontade será rejeitado (João 6:37). A verdade é que o homem natural odeia a única coisa de que ele mais depende: ser prostrado de joelhos em reconhecimento de seu desespero e sua falta de poder para se auto socorrer. Ainda que somente uma atitude nessa escala, poderá ser verdadeiramente salva.

 

3. O Sacrifício Limitado - O Senhor Jesus morreu por todos aqueles a quem o Pai concedeu graça, e somente por eles.

            Nós fomos salvos porque Deus, o Pai nos escolheu para sermos salvos. Mas nós somos salvos somente pela eleição. Não, nós somos também salvos pelo sacrifício sofrido por Jesus na cruz. Pois, como a Bíblia diz, seu nome seria Jesus porque ele iria “salvar seu povo de seus pecados” (Mateus 1:21). Se Deus o Pai elegeu uns para vida eterna, em outras palavras, então preciso continuar dizendo que Cristo morreu por uns somente e não por toda humanidade sem distinção. Isso, também, faz parte dos ensinamentos da Fé Reformada. O sacrifício é limitado – não em seu valor, mas somente para aqueles a quem foi aplicado. O sangue de Jesus é precioso; ele tem valor ilimitado. Também não seria seu valor exaurido se todos os seres humanos fossem de fato salvos por ele. Mesmo assim, existe uma limitação imposta sobre o sacrifício de Cristo, por desejo do Pai. Aqueles que são salvos pelo sangue de Jesus Cristo são somente aqueles de quem a intenção do Pai era de serem salvos.

            Mesmo sendo a Bíblia clara, quando diz que nem todos serão salvos, algumas pessoas ensinam que foi vontade de Deus salvar a todos os homens sem exceção. Esse ensinamento deve ser rejeitado porque sugere que Deus não é capaz de fazer aquilo que Ele se propôs a fazer. Outros dizem que não foi intenção total de Deus salvar a todos. Dizem que Ele teve a intenção de salvar toda humanidade fazendo uma parte e deixando outra parte como responsabilidade humana. Esse ensinamento também deve ser rejeitado porque diz que Cristo não é o único salvador – Ele então precisaria compartilhar sua glória com o homem pecador.

            A Fé Reformada, ecoando as Escrituras, ensina que somente algumas pessoas serão salvas. Também nos ensina que somente Deus salva os pecadores, e então nos ensina que aqueles que são salvos são aqueles que Deus quis que fossem salvos. Como Jesus disse ao Pai, falando sobre si: “assim como lhe conferiste autoridade sobre toda a carne, a fim de que ele conceda a vida eterna a todos os que lhe deste” (João 17:2). “assim como o Pai me conhece a mim, e eu conheço o Pai; e dou a minha vida pelas ovelhas.” (João 10:15).

            Nós sabemos bem que esta doutrina vai contra a razão natural do ser humano. Já há muito foi dito, contra esta doutrina, que ela restringe a esperança da vida eterna para alguns poucos. Alguns também dizem que se esta doutrina fosse verdadeira, não haveria sentido em pregar o evangelho, uma vez que a morte de Cristo não teve a intenção de salvar a muitos dos que ouvirem sobre ela. Mesmo eles tendo a intenção de reduzir a glória de Deus para aumentar as “chances” do ser humano, como eles vêem. Eles preferem dizer que Deus teve a intenção de salvar a todos com a morte e ressurreição de Cristo, para assim dar a todo homem e mulher uma chance, deixando assim a decisão final para os mesmos!

            Quão equivocada é essa idéia; ela sacrifica muito e não ganha nada. Dizer que Deus meramente quer que todo homem seja salvo, quantos mais poderão ser salvos? A resposta é: nenhum! Porque mesmo aqueles que trabalham em cima de tal teoria admitem que muitos serão perdidos, como a Bíblia ensina. Esse compromisso somente parece dar ao ser humano uma melhor “chance”, mas realmente não o faz.

            De acordo com a visão reformada, quantos são salvos a menos? A resposta é: nenhum. Pois a própria Bíblia nos ensina que Deus salvará “uma grande multidão que ninguém poderá contar” (Ap. 7:9). E quem, por esse fato, terá menor oportunidade de ser salvo? A resposta novamente é: ninguém. Porque nenhum homem pode saber – até morrer como um não crente – que ele não é eleito, pela simples razão que Deus não revelou esta informação para qualquer não crente. Mesmo assim, aqueles que vieram a Deus através de Jesus Cristo descobriram que Ele morreu particularmente por eles. Eles podem então dizer como Paulo que o Filho de Deus “me amou e se entregou por mim” (Gal. 2:20).

 

4. Graça Irresistível – O Espírito Santo soberana e efetivamente aplica a salvação ao eleito.

            Se os homens fossem deixados na dependência de sua própria força e habilidade em qualquer ponto no processo de salvação, nenhum poderia ser salvo. Mas esse não é o caso. A Fé Reformada ensina a todos que Jesus orou: “Todo aquele que o Pai me dá, esse virá a mim; e o que vem a mim, de modo nenhum o lançarei fora.”(João 6:37), e aqueles que Jesus afirmou: “Ninguém pode vir a mim se o Pai, que me enviou, não o trouxer; e eu o ressuscitarei no último dia.”(ver. 44). E é aqui que vemos o ministério salvador do Espírito Santo.

            O Deus triúno verdadeiramente salva seus eleitos pela “iluminação de suas mentes espiritual e salvificamente para entender as coisas de Deus, tirando seus corações de pedra, e dando a eles um coração vivo; renovando suas vontades, e, pelo seu grandioso poder, determinando-os para aquilo que é bom, e efetivamente atraindo-os para Jesus Cristo: Ainda assim, eles vêm livremente, sendo feita sua vontade pela Sua graça” (CFW, X:1). E que se note cuidadosamente que “esse chamado efetivo é somente pela livre graça de Deus, não por algo que foi achado nos homens, os quais são todos agentes passivos, até serem alcançados e renovados pelo Espírito Santo, ele (o homem) é então capaz e responder ao chamado de Deus, e abraçar a graça oferecida convenientemente a ele.” (parte 2).

            Todos os pecadores que ouvem o evangelho são chamados a se arrepender e crer. Mas eles não podem fazê-lo, porque eles estão mortos em seus delitos e pecados. Então Deus, pela operação do Espírito Santo, cria em seus eleitos o poder de fazer aquilo que ele nos ordena. Da mesma forma como era impossível, Lazaro estando morto, ouvir a voz de Jesus e ir até ele saindo da sepultura. Mesmo assim ele ouviu e saiu da sepultura porque aquele que o chamou também lhe deu poder para ouvir e obedecer, assim é nossa conversão. Não me admira que Paulo tenha perguntado: “Pois quem é que te faz sobressair? E que tens tu que não tenhas recebido? E, se o recebeste, por que te vanglorias, como se o não tiveras recebido?” (1Co. 4:7).

            O divino e soberano ato de regeneração efetiva pelo Espírito Santo precedem a atividade humana de arrependimento e fé. Este claro ensinamento abrange tanto a indivisível glória de Deus e a responsabilidade humana. Alguns têm imaginado que se a regeneração só é possível pela soberana ação do Espírito Santo, então alguém pode sinceramente ter o desejo de ser salvo mas pode não ter a “chance” de receber a salvação. Mas a verdade é que ninguém desejará ser salvo como Deus deseja, sem antes ser alvo da ação da graça regeneradora: “Nós amamos porque Ele nos amou primeiro” (1 João 4:19).

            Outros têm pensado que se Deus converte ao pecador, não há a necessidade de que o pecador obedeça aos mandamentos do evangelho tendo assim que se arrepender e crer em Cristo. Mas novamente, a verdade é de outra maneira. Porque a única forma que nós podemos saber se a graça de Deus foi realmente dada a nós, é quando temos o desejo de guardar os mandamentos do Senhor. “Ora, sabemos que o temos conhecido por isto: se guardamos os seus mandamentos.” (1 João 2:3). Todo aquele que atende ao chamado da graça de Deus, tem então, unicamente nesse ato, a única evidencia que a graça lhe foi concedida por Deus. Como o Apóstolo Pedro disse: “Visto como, pelo seu divino poder, nos têm sido doadas todas as coisas que conduzem à vida e à piedade, pelo conhecimento completo daquele que nos chamou para a sua própria glória e virtude,” (2 Pedro 1:3). Todos aqueles que recusam obedecer ao evangelho têm somente a si mesmos para culpar; mas todos os que vêm à presença de Cristo, têm somente a Deus para agradecer.

 

5. Perseverança dos Santos – Aqueles que são verdadeiramente salvos nunca se perderão.

            Como temos visto até agora, os ensinos reformados têm uma visão de Deus muito mais enaltecida e uma visão sobre o homem, bem mais reduzida do que é comum entre os seres humanos. Não há dúvidas de que é por isso que a natureza humana não consegue aceitar a fé reformada, ao mesmo tempo em que o homem pode vir a concordar com teorias mais fáceis ou formas mais “aceitáveis” de cristianismo que são ensinadas. Não há dúvida de que é por isso também que Jesus disse a Pedro, assim que ele entendeu esse ensinamento, “Bem-aventurado és, Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue que to revelaram, mas meu Pai, que está nos céus.” (Mateus 16:17). Nada além da poderosa e soberana graça de Deus pode fazer com que o ser humano aceite esse fato.

            Mas nós não devemos imaginar que o crente reformado é mais pobre por essa causa, porque o beneficio é muito maior do que o custo. Porque se ao homem pecador que ele reconheça que não pode fazer nada por si mesmo, isso o põe ao alcance de uma bênção incomparável: “Aqueles que Deus aceitou como seus amados... não podem nem totalmente ou finalmente cair de seu estado de graça, mas certamente irão perseverar íntegros até o fim, e ser eternamente salvos.” (CFW, XVII:1). Eles não podem “cair da graça” porque Deus traz a obra da salvação a um estado de perfeição que é exclusivamente Seu. E isso tudo é verdade, apesar de uma aparência (mas não realidade) de graça em hipócritas e as tendências ao pecado em verdadeiros crentes.

            Agora, como todos sabem, existem aqueles que parecem ter caído da graça. Eles parecem ter interesse em Cristo, mas então perdem todo e qualquer interesse N’Ele. Como então, pode-se perguntar, podemos ter certeza de que todos aqueles que são escolhidos por Cristo perseverarão na fé? A resposta é encontrada na Bíblia: “Eles saíram de nosso meio; entretanto, não eram dos nossos; porque, se tivessem sido dos nossos, teriam permanecido conosco; todavia, eles se foram para que ficasse manifesto que nenhum deles é dos nossos.” (1 João 2:19).

            Se os seres humanos fossem salvos por Deus, para depois se perderem novamente por causa de seus atos, então Deus seria um fracasso! E isso parece acontecer. Mas isso não acontece de forma alguma, porque “Estou plenamente certo de que aquele que começou boa obra em vós há de completá-la até ao Dia de Cristo Jesus.” (Filipenses 1:6). Todos aqueles que realmente pertencem a Ele “...pelo poder de Deus, mediante a fé, para a salvação preparada para revelar-se no último tempo.” (1 Pedro 1:5). Este ato é de que se deve totalmente ao poder de Deus, e não à força vinda do crente; mesmo os cristãos verdadeiros não podem fazer nada por si próprios.

            Existe, pela criação e sustentação da graça de Deus, uma fé insaciável, um desejo por Deus no coração de cada verdadeiro crente, que é encorajado e capacitado para lutar o bom combate da fé, mantendo-se fiel até o fim. Como poderia Deus ser verdadeiramente Deus se Ele não aperfeiçoasse a boa obra, a qual Ele mesmo começou em nós?

 

3. Pactualmente Ordenado

 

a. Os Pactos

            A palavra pacto pode ser definida como a “concessão voluntária da parte de Deus”(CFW, VII: 1) pela qual Ele (o criador) capacita o ser humano (suas criaturas) a obedecer, glorificar, e gozá-lo. A Confissão de Fé de Westminster reconhece dois pactos:

 

1. O pacto das obras “O primeiro pacto feito com o homem foi o pacto das obras, na qual a vida foi prometida a Adão; e nele para sua prosperidade, na condição de uma obediência perfeita e pessoal” (VII:2). Adão, constituído por Deus para ser o cabeça de toda raça humana, quebrou esse pacto. Ele (e com ele) e toda humanidade pecaram e caíram pela transgressão do mandamento de Deus. Tornou-se então impossível para qualquer descendente de Adão que fosse gerado após esse fato, gozar então a vida eterna. Toda e qualquer pessoa, a não ser pela intervenção de Deus, estaria morta no pecado, condenada, e destinada à punição eterna.

 

2. O pacto da Graça Sim, Deus interveio! “Deus, não meramente pelo seu prazer próprio, por toda eternidade, elegeu alguns para vida eterna, trazendo-nos assim para um pacto de Graça, para livrar o ser humano de seu estado de pecado e miséria, e trazê-los a um estado de salvação através da pessoa do redentor.” (Catecismo Menor, Pergunta 20).

            Nossa fé reformada insiste que só há um, e um somente, caminho para a salvação, através do Redentor, Jesus Cristo. Todos aqueles que são trazidos para esse estado de salvação, desde Adão até a ultima pessoa sobre a face da terra, entrarão pelo pacto da graça. A mais simples e básica divisão da Bíblia não é entre o Antigo e Novo Testamento (Como afirmam os dispensacionalistas), mas entre Gênesis 1:1 a 3:16 e o resto da Bíblia. Após a quebra do pacto das obras, Deus nos introduz em um gracioso pacto de salvação através do Antigo e do Novo Testamento.

            Há uma única igreja por todos os tempos. Verdade, essa igreja única existe tanto na era da promessa (O Velho Testamento) e na era do cumprimento de toda profecia (O Novo Testamento). “Portanto não existem dois pactos de graça, diferentes em substancia, mas somente um único, debaixo de várias dispensações.” (CFW, VII:6). Essa igreja única possui um mediador, O Senhor Jesus Cristo. Quando o Verbo de Deus se encarnou, Ele se tornou o profeta. Como aquele que veio eliminar o pecado e ser o servo perfeito de Deus, Ele também é o Sacerdote. Como o juiz e defensor da igreja de Deus, Ele é o Rei.

 

b. O Pacto e a Igreja

            A Igreja Presbiteriana do Brasil é uma igreja apostólica. Não, nós não continuamos o oficio dos apóstolos, mas nos esforçamos de todas as formas para que continuemos nas práticas e doutrinas apostólicas das igrejas do Novo Testamento (Atos 2:42). Nós cremos que pela graça de Deus nós somos incluídos no grupo daqueles que Deus acolheu em seu pacto de graça através do seu filho Jesus Cristo, em quem todos os mistérios e promessas do Antigo Testamento foram completos.(CFW, VII:5; 2Cor 1:20).

            Então, vemos a nós mesmos e nossas crianças batizadas como um só corpo com o povo de Deus em todos os tempos, laços de um relacionamento especial que Deus estabeleceu há muito tempo atrás com Abraão (Gal. 3:15 – 27; Gen. 17:7; Atos 2:37 – 39), que é o pai de todos aqueles que verdadeiramente crêem. E, com a comunidade escolhida no pacto, de todas as gerações, nossa fé reformada enfatiza a importância dos membros e presença junto à comunidade nas vidas dos filhos de Deus (CFW, XXX:2).

            Nós não chamamos a Igreja Presbiteriana do Brasil uma verdadeira igreja de Cristo porque cremos que somos os únicos cristãos em nosso país. Ao invés de fazer isso, nós nos chamamos assim porque magnificamos a graça de Deus, que tem nos constituído como denominação de maneira (mesmo sendo nós imperfeitos) que tudo possa ser feito de acordo com a Santa Palavra de Cristo, aquele que é o único Cabeça e Rei da Igreja. Jesus nos ensina que seu rebanho ouve sua voz e o segue, e esse rebanho simplesmente não ouvirá a voz de qualquer estranho. Com louvor a Deus, então, nos regozijamos pois, pela misericórdia de Deus, nós também somos membros do seu rebanho e podemos ouvir a voz do Bom Pastor.

 

c. Batismo Infantil

            “Batismo é um sacramento, de maneira a purificar com água no nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, o que significa e sela nossa aliança com Cristo, e partilhando os benefícios do pacto da graça, e nossa declaração que verdadeiramente somos de Deus” (CM, P. 94). Batismo é o sinal do pacto da graça durante a era do Novo Testamento, como foi a circuncisão durante o Antigo Testamento (ver Col. 2:11-12).

            Os Cristãos Reformados entendem que o batismo deve ser aplicado, então, a todos aqueles com quem Deus estabeleceu seu pacto de graça, mais claramente, com os crentes em Cristo e também com seus filhos. È importante enfatizar que não há um texto bíblico explícito que determine o batismo infantil. Se houvesse, todas as igrejas que crêem na Bíblia iriam então praticá-lo. Contudo, a vontade de Deus não é somente “expressamente descrita nas Escrituras”, mas também “por uma conseqüência boa e necessária, pode ser deduzida das Escrituras” (CFW, I:6).

            O argumento de defesa para o batismo infantil pode ser apresentado na forma de silogismo:

            Premissa Maior – Todos participantes no pacto da graça devem receber o sinal de tal pacto.
            Premissa Menor As crianças, filhos dos crentes são também participantes do pacto da graça.
            Conclusão As crianças, filhos dos crentes devem também receber o sinal do pacto da graça.

            Se as duas premissas são verdadeiras, a conclusão é incontestável. E é isso o que a confissão descreve como “conseqüência boa e necessária” A única forma de evitarmos o batismo infantil dos filhos dos crentes é se negarmos uma dessas verdades.

            Poucos negariam a premissa maior, mas dispensacionalistas claramente negam a premissa menor. Eles afirmam que as crianças filhos de crentes nunca foram participantes do pacto da graça. Uma vez que, durante a era do Antigo Testamento, eles participavam da nação de Israel e recebiam o sinal de sua participação no pacto – a circuncisão. Mas, dizem eles (dispensacionalistas), que crianças não participam do pacto da graça, porque esse pacto existe somente a partir do Novo Testamento. Uma vez que não existe um texto que ordena o batismo infantil, então não se deve fazer.

            Entretanto, o pacto da graça existe durante as duas eras (AT e NT), e os filhos dos crentes eram obviamente participantes do pacto durante o Antigo Testamento. Deus determinou isso (ver Gen. 17:10). Agora, uma vez que Deus não alterou seu pacto (Salmo. 89:34), nós não nos surpreendemos que não haja um texto no Novo Testamento indicando que os filhos dos crentes que eram participantes do pacto, agora já não são mais. Ao contrário, Colossenses 2:11 e 12 traçam um paralelo especifico, entre batismo e circuncisão; aqueles que eram então circuncidados, que sejam agora batizados. E Atos 8:12 mostra que o novo sinal da aliança foi dada as mulheres assim como aos homens.

            O Batismo é um sacramento totalmente passivo, partindo de nosso ponto de vista. Isso não significa que em todos os aspectos da aplicação da salvação prometida no pacto da graça, o individuo batizado seja totalmente passivo. Eles (ou elas) são verdadeiramente ativos em seu processo de conversão e santificação. Ao invés disso, o que realmente significa é que o individuo batizado e não se auto-batiza. Os Pais não batizam seus filhos. Falando diretamente, nem mesmo o ministro (pastor, igreja...) os batiza, no sentido de efetuar algo. Nós não fazemos nada no batismo; ao invés disso, Deus faz algo. Ele, através do cumprimento de um mandamento pela igreja, dá uma identidade a crianças, jovens e velhos, de sua família do pacto, os alvos de sua graça e de todas suas maravilhosas bênçãos.

 

d. Todas as Vidas Redimidas

            O povo reformado não limita seus locais ou ambientes de culto e louvor, somente à igreja. Isso ocorre pelo fato de nossa fé reformada nos ensinar que Jesus Cristo é rei de todo o mundo e sobre todas as áreas de nossas vidas (CFW, XIX:5; XXIII:1-4). Os crentes reformados então sujeitam ativamente a ordem integral da criação ao senhorio de Cristo.

            O humanismo secular se tornou o maior inimigo da igreja nos nossos dias. Esse inimigo capturou os corredores de poder e influência no mundo de hoje, onde um dia já houve uma influência cristã sadia. Para combater a secularização do mundo, os crentes reformados devem ser ativos nos campos da política, educação, economia, lei, ciência, trabalho, etc. Prontos para abraçar a causa de Cristo, qualquer que seja a sua perspectiva de vida.

            Desde membros do Congresso Nacional que se opõem ao aborto, até ajudas em momentos de tribulações entre os necessitados, como também dando auxilio a famílias despedaçadas e crianças, vítimas de abusos (físicos e psicológicos), o povo reformado crê que sua fé é relevante para a transformação de vidas conformadas e frias, para os padrões divinos de justiça e moralidade. Sim, deve existir liberdade e justiça para todos, de acordo com os padrões de Deus e não de homens!

 

 

2ª PARTE

A prática da Fé Reformada

 

1. A Lei de Deus

            De acordo com a revista “Time”, existe uma região nos Estados Unidos em que os professores escolares são proibidos por lei de ensinar a seus alunos que é errado roubar. Sim, eles podem ensinar que quem rouba tem que pagar pelas conseqüências desse fato, mas porque a sociedade tomou tal decisão. Mas eles não podem criar um julgamento ético dizendo que tal atitude é má. É isso que eles consideram como “neutralidade”! O fato é, entretanto, que todas as pessoas agem de acordo com uma crença ou outra. Ou é na crença de um Deus Criador que declarou sua vontade a suas criaturas, aos homens e mulheres, ou não. Na verdade, o distrito mencionado a cima tem se mantido bem consistente, não em sua neutralidade, mas em sua crença que o homem é autônomo. Quando tentamos excluir Deus e promover o ser humano como a autoridade suprema sob nossas ações, é claro que será incomodo quando alguém quiser impor suas opiniões sobre aquilo que está certo e o que está errado.

            A Fé Reformada enfatiza a Suprema Autoridade de Deus. “Obediência a sua vontade revelada é o que Deus requer do homem.” (Catecismo Menor, P. 39). Essa vontade revelada (Lei Moral) está “resumidamente compreendida nos Dez Mandamentos” (Catecismo Menor, P. 41), que pode ser encontrado em Êxodo 20 e Deuteronômio 5. Não é difícil fazer uma relação de todas as ordens da Bíblia com os Dez Mandamentos (ver Mat. 5:17-48). Esta Lei Moral está implícita a todo homem em todo tempo. Antes de nossa conversão, “De maneira que a lei nos serviu de aio para nos conduzir a Cristo, a fim de que fôssemos justificados por fé.” (Gal. 3:24). Isso é, ela (Lei Moral) revela nosso pecado e nossa necessidade por um Salvador. Depois de nossa conversão, é uma regra de gratidão vinda do povo do pacto de Deus em seu culto de gratidão pelo seu Libertador.

            Além dessa lei moral perpetuamente implícita, Deus deu a sua Igreja outras leis, por um tempo. As leis cerimoniais do Antigo Testamento, prefigurando a pessoa de Cristo, “estão agora abolidas, na pessoa de Cristo” (CFW, XIX:3). As Leis Judiciais, direcionadas a nação de Israel, “terminaram com aquela nacionalidade, e que agora não obrigam além do que exige a sua eqüidade geral.” (seção 4).

 

2. Princípios de Conduta

            A fé reformada enfatiza a unidade adquirida pela inteireza da Lei Moral.

 

 

            Primeiro Mandamento – A quem Adorar. Esse mandamento nos ensina que só há um Deus vivo e verdadeiro, O Deus triúno das Escrituras. Nós estamos proibidos de adorar outro “deus” que não seja Ele.

            Segundo Mandamento – Como Adorar. Nós devemos adorar a Deus usando somente os aspectos de adoração prescritos em sua Palavra. Nós não devemos adorar a Deus com subterfúgios criados pelas mãos humanas, incluindo imagens,crucifixos,altares, ou qualquer outro meio que não o das Escrituras.

            Terceiro Mandamento – Reverencia. Deus se revela através do seu nome. O nome de Deus descreve seu próprio caráter. Nós pervertemos a intenção divina do nome de Deus quando o usamos para blasfêmias, reclamações ou xingamentos. Deus proíbe o uso do Seu nome de forma informal.

            Quarto Mandamento – Descanso (veja abaixo).

            Quinto Mandamento – O Lar. Esse mandamento delega aos pais crentes a autoridade e o dever de governo e ensino de seus filhos.

            Sexto Mandamento – Vida (veja abaixo)

            Sétimo Mandamento – Pureza (veja abaixo)

            Oitavo Mandamento – Propriedade. Como dono de todas as coisas, Deus confiou a nós, seus comissários, sua criação e os recursos da mesma.

            Nono Mandamento – A Língua. Deus é o Deus da verdade. Ele requer que seus filhos sempre falem a verdade. Os crentes devem então odiar a mentira, seja qual for à forma em que ela apareça.

            Décimo Mandamento – O Coração. Nós não devemos ser descontentes, invejosos ou ciumentos, seja da reputação ou das possessões de nossos próximos. Deseje acima de tudo as riquezas da graça de Deus. (Esse resumo dos Dez Mandamentos foi retirado do livro “Confessing Christ”, de C.K. Cummings. pp. 46-53.).Apesar de cada mandamento merecer um estudo completo, nós escolhemos somente três para estudarmos mais a fundo:

 

a. O Trabalho e a Ordem quanto ao Sábado – O Quarto Mandamento

            Nossa igreja é uma igreja confessional, ensinando aquilo que alguns tem chamado de “Puritanismo” (ou até mesmo “Farisaico”) como visão da igreja sobre o Sábado (ver Ex. 20:8-11). Em Israel era proibido até mesmo acender uma fogueira no Sábado (Ex. 35:3). Trabalhar aos Sábados era digno de punição com morte (Ex. 35:2). Mas, sanções similares eram empregadas se alguém ofendesse seus pais, ou adulterasse (ver Lev. 20:9-10). As autoridades civis não executam tais punições nos dias de hoje. Mas será que isso diminui aquilo que Deus requer de nós frente a obediência à suas Leis? Cristo não veio para abaixar os padrões de exigência de Deus (Mat. 5), mas para confirmar. Não se pode chamar de “farisaísmo” a busca por uma obediência dessa lei, como também de nenhuma outra lei de Deus.

            Nossos princípios ensinam aquilo que se poderia chamar de um Sábado inatingível! O “Este sábado é santificado ao Senhor quando os homens, tendo devidamente preparado os seus corações e de antemão ordenado os seus negócios ordinários, não só guardam, durante todo o dia, um santo descanso das suas próprias obras, palavras e pensamentos a respeito dos seus empregos seculares e das suas recreações, mas também ocupam todo o tempo em exercícios públicos e particulares de culto e nos deveres de necessidade e misericórdia.” (CFW XXI:8). Não é evidente que ninguém pode fazer isso com perfeição? Mas isso também é verdade quando nos referimos aos outros mandamentos. As leis não nos foram dadas por Deus para nós nos sentíssemos bem, mas para nos mostrar a nossa necessidade de Cristo – não somente no começo, mas durante toda nossa vida cristã. Não é exatamente isso que a Bíblia diz que nos devemos aprender da Lei? “Tenho visto que toda perfeição tem seu limite; mas o teu mandamento é ilimitado.” (Salmo 119:96).


b. Santidade de Vida – O Sexto Mandamento

            O Sexto Mandamento nos impõe, “Não matarás” (Ex. 20:13). Deus tem vida em si mesmo; Ele é a própria “Fonte da Vida”. A vida dos seres humanos reflete Deus, “Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou.” (Gen. 1:27). O assassinato não somente vai contra a vontade de Deus, mas é uma afronta ao Ser Divino. Esse ponto precisa ser enfatizado particularmente nos dias de hoje quando falamos sobre o aborto, que se não é uma medida para salvar a vida da mãe que corre risco, não passa de um “tipo diferente” de assassinato.

            No pacto que Deus fez com Noé (Gen. 9:12), uma severa punição foi prescrita para assassinos. “Se alguém derramar o sangue do homem, pelo homem se derramará o seu; porque Deus fez o homem segundo a sua imagem.” (Gen. 9:6). Deus tem apreço tão alto pelas vidas dos seres humanos que, mais tarde, Ele estabeleceu cidades de refúgio em Israel para a proteção de uma pessoa falsamente acusada de assassinato (Num. 35:6-28).

            A imposição fiel dessa punição capital, condenando o assassinato premeditado pode se esperar que detenha esse ato tenebroso, mas quando o magistrado civil falha em obedecer a esse mandamento do Deus Vivo, a violência se torna abundante. O pregador avisou que isso ocorreria: “Visto como se não executa logo a sentença sobre a má obra, o coração dos filhos dos homens está inteiramente disposto a praticar o mal”. (Ecl. 8:11).

 

c. Casamento – O Sétimo Mandamento

            O sétimo mandamento requer: “Não adulterarás” (Ex. 20:14). Essa proibição sublinha a vontade de Deus quanto a mais básica das relações humanas, o casamento. No Jardim do Éden, o Senhor disse: “Disse mais o SENHOR Deus: Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma auxiliadora que lhe seja idônea.” O propósito de Deus para Adão não seria completo até que Eva “entrasse em cena”. Celibato, mesmo sendo apropriado para algumas pessoas, é uma exceção que prova a regra, como disse Jesus: “Jesus, porém, lhes respondeu: Nem todos são aptos para receber este conceito [celibato], mas apenas aqueles a quem é dado.” (Mat. 19:11). Casamento deve ser entre um homem e uma mulher; A Bíblia chama o homossexualismo de pecado (Rom. 1:26-27).

            Existe uma estrutura divina imposta ao casamento. Cada parte tem um papel distinto: o marido é a cabeça da união do casamento e a esposa é a auxiliadora colocada sob seu marido (Ef. 5:22-24). O marido tem sobre ele o mandamento de amar a sua esposa, e a esposa têm sobre ela o mandamento de respeitar seu marido (vers. 33). Esse relacionamento foi estabelecido antes da queda (Gen. 2:20b-24), foi afetado pelo pecado (Gen. 3:16), e é abençoada pela redenção em Cristo (Ef. 5:22-33).


3. Evangelismo

            As últimas palavras de Jesus aos seus discípulos, antes que Ele fosse assunto aos céus, foi: “mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra” (Atos 1:8). Como alguém já havia dito corretamente, o dever de toda a Igreja é proclamar o evangelho para todo o mundo. È sem dúvida uma grande comissão!

            De acordo com Mateus, essa proclamação do evangelho não é mera pregação, mas inclui “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século.” (Mt 28:19-20). Deve a igreja ser para: (1) Fazer discípulos – identificar e reunir todos aqueles de todas as nações debaixo dos céus que, pelo poder do Espírito Santo, crêem e seguem Jesus como seu Salvador e Rei. (2) Batizar – aplicar o novo sinal de participação no pacto tanto nos discípulos de Cristo quanto nos seus filhos; e (3) Ensinar – instruir a todos, segundo a fé apostólica.

 

 

3ª PARTE

O Governo da Igreja Reformada

 

 

1. A Natureza Corporativa da Igreja

            Os Crentes pertencem ao Senhor. Mas, porque existe “há um só Senhor, uma só fé, um só batismo; um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, age por meio de todos e está em todos.” (Ef. 4:5-6), crentes pertencem uns aos outros. Conseqüentemente, eles são chamados a se encorajar mutuamente e exercer uma disciplina, juntos como membros. Algumas vezes as pessoas dizem “não importa a igreja a que você pertence, o que importa é que você creia.” Como muitos slogans, esse contém um ponto verdadeiro, mas também um erro considerável. A fé pessoal é sem dúvida importante, contudo não é a única coisa importante; é também muito importante qual igreja você freqüenta. Igrejas não se dividem de forma simples e corriqueira em várias denominações diferentes; elas se dividem como uma conseqüência de infidelidade.

            Pense na história da divisão do reino de Israel: Salomão contribuiu para essa divisão, se comprometendo com todo tipo de religião pagã, e, depois que ele morreu, veio então a divisão. Dez tribos se rebelaram contra Roboão e seguiram a Jeroboão. Roboão queria usar de força para restaurar a unidade de seu reino, mas Deus proibiu tal ato (ver. 1 Reis 12:22-24). Jeroboão, temendo que seu povo retornasse para Roboão por causa da adoração em Jerusalém instituída por Deus, organizou um outro tipo de culto em oposição à Jerusalém, ordenando sacerdotes que não eram levitas e colocando bezerros de ouro em Dã e Bethel. Os crentes de Israel encaravam um momento de crise, e eles agindo corretamente, deixaram a Igreja Infiel e retornaram à Igreja Fiel a Deus. A declaração de Deus confirma isso “Abandonará a Israel por causa dos pecados que Jeroboão cometeu e pelos que fez Israel cometer.” (1Reis 14:16). Quando os lideres das igrejas alteram o caráter oficial da igreja, os membros são também afetados; eles participam de uma atitude de apostasia pelo simples fato de permanecerem membros.

            Isso quer dizer então que todos em Israel foram desprezados? Não, mas os profetas de Deus os convocaram para que se separassem da falsa adoração. Muitos assim o fizeram, e migraram para Judá. Sete mil se recusaram a se prostrarem a Baal. Sem dúvida eles foram criticados por se recusarem a participar da “adoração comunitária.” Eles provavelmente sabiam que muitos que participavam daquele “novo culto”, temiam o verdadeiro Deus. Mas a verdade é que a responsabilidade corporativa não nos mostra o caminho mais fácil. Permanecer em uma igreja falsa é um pecado, que é impossível de se esquecer, levantando a questão de credibilidade de um verdadeiro comprometimento cristão.

 

2. O Governo da Igreja

            È Deus quem cria, possui e governa a Igreja; ela é D’Ele (ver 1Co. 1:2, aonde Paulo escreve “para a Igreja de Deus em Corinto”). Essa igreja de Deus realmente existe como um só corpo que foi unido em Jesus Cristo, e pode ser encontrado em muitos lugares. Ela é invisível no que “concerne o número total dos eleitos” (CFW, XXV:1), e ela é visível quanto ao que “concerne todos aqueles por todo o mundo professam a verdadeira religião; e a seus filhos” (parte 2).

            Ela também é a Igreja de Cristo, em sua oração: “Manifestei o teu nome aos homens que me deste do mundo. Eram teus, tu mos confiaste, e eles têm guardado a tua palavra.” (João 17:6). Ele é o rei e cabeça da igreja (Col. 1:13, 18). Assim como, e por sua igreja, o Senhor Jesus tem “nomeado um governo, nas mãos dos oficiais da igreja” (CFW, XXX:1). (Todos os crentes tem um ponto de referência, por suas virtudes conquistadas em sua união com Cristo.) Os oficiais da igreja são os Presbíteros e Diáconos.
            Presbíteros (palavra grega que significa “ancião”) regem a igreja para Cristo. Existem dois tipos de presbíteros: (1) aqueles que “dirigem os assuntos e interesses da igreja” e (2) aqueles “a quem foi confiado o ministério de pregar e ensinar” além do governo da igreja (1 Tim. 5:17). Os primeiros costumam ser chamados de presbíteros e os segundos de ministros ou pastores. Juntos eles formam um conselho (o corpo regente) da igreja local. Como pastores, sua responsabilidade é prover (Juízes 12), guiar (1 Pedro 5:2), e guardar (Atos 20:28) a igreja que Cristo comprou com seu próprio sangue. Em fazendo isso, eles refletem e são mediadores das atividades proféticas, pastorais e reais do Excelso Senhor da Igreja. Pois em cada igreja local haverá um grande número de presbíteros (Tito 1:5). O conselho exerce suas funções através da pregação, administração dos sacramentos, no exercício da disciplina, instruindo a congregação, visitando os membros, e divulgando o evangelho através das missões locais, regionais e nacionais. Os presbíteros devem se lembrar que é o rebanho de Deus que eles lideram, a igreja não pertence a eles e sim ao Senhor.
            Os diáconos trabalham no ministério de “misericórdia”, tanto junto aos membros da igreja como também ajudando aos crentes em geral (Atos 6: 1-6), auxiliando também aqueles que não fazem parte da comunhão dos cristãos (Gal. 6:10). Eles exercem um ofício ministerial especial, mas eles não governam a igreja. Todos os oficiais da congregação local são presentes do Rei Jesus Cristo para sua igreja (Ef. 4:11), e devem ser tratados como tais (1 Tim. 3:1-12, Tito 1:6-9).
            Através de assembléias mais amplas (presbitérios, sínodos e supremo concílio) a unidade da igreja é expressa de forma jurídica e administrativa e governada de forma corporativa.

 

3. A Disciplina da Igreja
            Pelo fato de que os crentes ainda são passíveis de cometer pecados, é necessário que haja disciplina na igreja. Cristo é o Rei de retidão, e seu desejo é que sua igreja ande em retidão. Quando membros da igreja persistem no pecado, não somente suas almas imortais vão estar em risco, mas toda igreja é tentada por essas coisas. Em primeiro lugar, entretanto, a honra ao cabeça da igreja é usurpada. Deixando claro que a disciplina é tanto boa como necessária. Tal disciplina toma parte (1) informalmente, quando os membros exortam uns aos outros, e (2) formalmente, quando o conselho da igreja emprega uma disciplina oficial a um membro.

            A disciplina informal dentro da igreja é regulada pelo ensinamento de Cristo no Evangelho de Mateus, capítulo 5, versículos 23 e 24 e no capítulo 18, versículos 15 e 16, como também pelo ensinamento do Apóstolo Paulo aos Gálatas, no capítulo 6, versículos de 1 a 6. Essa disciplina pode ocorrer em particular e, se houver arrependimento afável, não é necessário levar adiante uma vez que o ofendido é restaurado. É importante enfatizar que a disciplina informal é uma disciplina verdadeira, pois algumas vezes as pessoas podem imaginar que somente a disciplina formal aplicada pelo conselho da igreja é um ato verdadeiramente disciplinar. Mas a verdade é que as duas formas significam que Cristo santifica e persevera com Sua Igreja.

            A disciplina formal da igreja é bem definida da seguinte forma: “A esses oficiais estão entregues as chaves do Reino. Em virtude disso, eles têm respectivamente o poder de reter ou redimir pecados; fechar esse reino a impenitentes, tanto pela palavra como pelas censuras; abri-lo aos pecadores penitentes, pelo ministério do Evangelho e pela absolvição das censuras, quando circunstâncias exigirem.”(CFW, XXX:2).

            As Igrejas Presbiterianas têm um livro de disciplina que direciona procedimentos os quais cumpridos na igreja local, no presbitério, no sínodo (assembléias regionais) e denominacional (a igreja nacional).

            A disciplina é uma das marcas da Igreja. Sem ela, mesmo a verdadeira pregação da Palavra e a correta administração dos sacramentos podem não ser esperados como fontes de identidade e perseverança da Igreja. É necessário enfatizar esse ponto, particularmente nos nossos dias que muitas organizações mantêm o nome de “igrejas” e ao mesmo tempo se abstêm do real valor e poder da Igreja.

 

4. O Chamado Ecumênico da Igreja

            Há mais da Igreja de Cristo, comprado com seu próprio sangue precioso, que aquilo que está restrito a nossa denominação, a Igreja Presbiteriana do Brasil. A Bíblia não nos fala somente de igrejas e sim da Igreja (Ef. 4). E, idealmente, deve existir somente uma denominação que é fiel a Palavra de Deus em sua doutrina e sua prática. Existe só um Corpo de Cristo, um Povo Santo, uma Igreja Universal.

            Entretanto, a igreja de nossos dias infelizmente se encontra em um mundo totalmente dividido. Algumas congregações que um dia já foram verdadeiras igrejas, se transformaram em “sinagogas de Satanás”, como nos diz nossa Confissão de Fé: “As igrejas mais puras debaixo do céu estão sujeitas à mistura e ao erro; algumas têm degenerado a ponto de não serem mais igrejas de Cristo, mas sinagogas de Satanás; não obstante, haverá sempre sobre a terra uma igreja para adorar a Deus segundo a vontade dele mesmo.” (CFW, XXV:5).

            Temos estabelecido como convicção da Igreja Presbiteriana do Brasil que nós, como igreja e crentes em Cristo, não devemos nos contentar com uma “unidade espiritual” que nunca se expressa visivelmente. É por essa razão que a Igreja Presbiteriana do Brasil, durante toda a história de sua denominação, tem procurado construir e apoiar organizações que se baseiam em acordos que têm sua essência doutrinária e prática. Essa é a razão pela qual nossa igreja hoje pertence à Conferência Internacional de Igrejas Reformadas. Nós continuamos a buscar uma unidade visível com outras igrejas, mas somente firmados em uma aceitação genuína das confissões bíblicas em doutrina e prática.

 

4ª PARTE

Adoração Reformada

 

1. Adoração Individual e Adoração em Família

            A adoração a Deus, individual e em família, especialmente em oração e na meditação da Palavra, tem sido reconhecida pelo povo reformado como própria e necessária. “Deus deve ser louvado em todo lugar, em espírito e em verdade; como também, individualmente, diariamente, e em secreto, casa um por si mesmo” (CFW, XXI:6; cf. Mat. 6:6; Deut. 6:6-7).

            A prática da adoração individual é uma atividade particularmente apropriada no dia sabático (CFW, XXI: 8). A santificação dos crentes é efetuada “pelo merecimento através da morte e ressurreição de Cristo, pela sua Palavra e seu Espírito que habita nos crentes” (XII:1). A prática da oração individual é tão importante e essencial para a vida do convertido que nem mesmo a fundamentação bíblica para tal prática deveria ser questionada. Mesmo assim, para nosso encorajamento e obediência, destacamos os seguintes textos: (Salmos 32:5; 51:1-14; Mateus 6:6 e 11).

            A adoração em família é relatada pelas instruções do catecismo. Salmo 78:1-8 deixa uma obrigação solene aos pais que ensinem seus filhos as responsabilidades e os mandamentos do Deus do pacto. A Assembléia de Westminster produziu, além de sua confissão de fé e catecismos, um guia para Adoração em Família, reconhecendo o papel essencial desta disciplina na vida do pacto. Diante do “Altar da Família”, famílias crentes não somente aprendem a Palavra de Deus no aconchego de seus lares, mas também se envolvem em orações individuais e direcionadas, elevando canções de gratidão a seu Salvador.

 

2. Adoração em Comunidade

 

a. Regulamentos

            Existe em nossos dias um sentimento de dúvida sobre adoração. O que realmente é agradável a Deus, e o que deveria ser rejeitado? Quando as pessoas começam a inovar no louvor, como deveríamos reagir? Está claro, nas grandes confissões reformadas, que as igrejas reformadas – no fervor que as caracteriza desde o começo – estão determinadas a louvar a Deus somente como Ele mesmo prescreveu, sem adicionar ou subtrair nada.

            Considere então a declaração deste princípio: “A forma aceitável de adoração ao verdadeiro Deus, foi instituída pelo próprio Deus, e desta forma, limitada pela sua vontade revelada, de modo a que Ele não seja adorado de acordo com os desejos ou imaginações dos homens, ou sugestões satânicas, debaixo de qualquer representação, ou qualquer tipo de forma de adoração que não esteja prescrita nas Escrituras” (CFW, XXI:1).

            Não são poucos os que hoje em dia se perguntam como deveriam adorar a Deus. Não está implícita uma resposta quando dizemos que a Bíblia é a única regra infalível de fé e prática? O princípio – ensinado tanto no Antigo como no Novo Testamento – é concluído nas palavras de Moisés: “Nada acrescentareis à palavra que vos mando, nem diminuireis dela, para que guardeis os mandamentos do SENHOR, vosso Deus, que eu vos mando.” (Deut. 4:2). Isso se aplica a toda a vida, obviamente, não somente à adoração. Mas em nenhuma outra área é tão vital excluir todo tipo de invenção humana do que nesse caso.

            Algumas igrejas nos nossos dias estão voltando à adoração cerimonial. Eles chamam isso de um reavivamento litúrgico. Se houvesse seriedade em seu chamado para serem bíblicos, eles teriam que ser literais, adotando completamente o sistema do Antigo Testamento. Eles teriam até que pleitear em prol da reconstrução do templo de Jerusalém. E, se o fizessem, nós poderíamos ao menos respeitá-los por consistência bíblica. Mas, é claro que esses “fracos e miseráveis” (Gal. 4:9) elementos da adoração do Antigo Testamento não têm lugar legítimo na nova igreja do pacto. Nós não precisamos de vestes púrpuras, velas, incenso, danças ou dramatizações. Por quê? Porque essas representações sombrias só interferem com a realidade: O privilégio de a cada Dia do Senhor – em adoração fiel – ser levado aos lugares celestiais (Heb. 12:18-29).

            Estamos nós, então, fazendo aquilo que nos agrada – promovendo nosso próprio estilo de adoração (enquanto os santos do Antigo Testamento tinham que ser cautelosos)? Não, nós, acima de qualquer coisa deveríamos abominar qualquer invenção humana. Não é isso que nos diz o seguinte alerta? “Tende cuidado, não recuseis ao que fala. Pois, se não escaparam aqueles que recusaram ouvir quem, divinamente, os advertia sobre a terra, muito menos nós, os que nos desviamos daquele que dos céus nos adverte... Por isso, recebendo nós um reino inabalável, retenhamos a graça, pela qual sirvamos a Deus de modo agradável, com reverência e santo temor; porque o nosso Deus é fogo consumidor.” (Heb. 12: 25, 28 e 29).

            A adoração no novo pacto foi instituída por Jesus. Admitidamente, existem poucos ensinos ou exemplos de adoração em comunidade no Novo Testamento. O texto que relata algo mais próximo que podemos dizer de uma adoração formal em comunidade se encontra em 1 Co 14, e seu foco está no falar em línguas e profecias, elementos que eram apropriados somente na era apostólica (ver CFW, I:1). Mesmo assim, nós podemos identificar as orações, leitura da palavra, pregação, os cânticos de louvor, a entrega dos dízimos, e a correta administração dos sacramentos como “as partes da adoração religiosa a Deus” (CFW, XXI: 5).

 

b. Cânticos de Louvor

            Adoradores louvam a Deus e Salvador com cânticos. “Habite, ricamente, em vós a palavra de Cristo; instruí-vos e aconselhai-vos mutuamente em toda a sabedoria, louvando a Deus, com salmos, e hinos, e cânticos espirituais, com gratidão, em vosso coração.” (Col. 3:16). Nosso manual litúrgico diz (3:6): “Uma vez que as versões métricas dos Salmos estão baseadas na Palavra de Deus, eles devem ser usados freqüentemente na adoração comunitária” – mas não exclusivamente. Hinos, tanto antigos como contemporâneos, tem seu uso apropriado nas congregações da Igreja Presbiteriana do Brasil, mas o conselho de cada igreja é responsável pela cautelosa seleção, porque, “um grande cuidado precisa ser tomado para que todo material musical esteja em perfeita harmonia com o ensino das Sagradas Escrituras.” Os Presbiterianos Conservadores não somente pregam, mas também oram e louvam a Deus com música, à luz da integridade da revelação especial de Deus – tanto na dispensação da promessa (Antigo Testamento) como na dispensação do cumprimento (Novo Testamento).

 

c. Pregação da Palavra

            A Palavra de Deus, a qual (juntamente com sacramentos e com a oração) é “o significado ordinário e externo através do qual Cristo se comunica a nós os benefícios da redenção” (CM, P. 88), é indispensável para adoração comunitária. A palavra deve ser lida, pois por ela Deus fala diretamente a igreja. Deve ser pregada, tornando-se “um meio efetivo de convencimento e conversão dos pecadores, e os preenchendo de santidade e conforto, através da fé na salvação” (Pergunta 89).

            A pregação é a proclamação da Palavra de Deus, e o pregador, um ministro ordinário (presbítero e mestre), é um arauto do evangelho (2 Timóteo 4:2, 1:11). Sua tarefa é proclamar a Cristo (Col. 1:28). Ele deve se preocupar não com a aprovação humana, mas em servir o Pão da Vida aos pecadores.

            A pregação da Palavra de Deus é uma forma especializada de discurso, não para ser confundida com um outro tipo de discurso qualquer. Deve ser uma fala direta, nem uma palestra teológica e nem um discurso que tenta persuadir pela sugestão moral, mesmo que se assemelhe um pouco com cada uma dessas formas.

            A pregação começa com um “O que”. Ela deve proclamar a Cristo para que se possa chamar uma pregação genuína. “Deus quis dar a conhecer qual seja a riqueza da glória deste mistério entre os gentios, isto é, Cristo em vós, a esperança da glória.” (Col. 1:27) é o que deve ser pregado. Como vemos aqui, a pregação é propriamente um discurso na terceira pessoa – o pregador direciona seus ouvintes a Cristo – quem Ele é, e especialmente que grandes manifestações de graça Deus o Pai exerceu N’Ele para salvar assim os pecadores.

            Os pregadores devem pregar a Cristo. Mas qual Cristo? Algumas vezes nós ouvimos as pessoas pedindo, “Nenhum credo e sim Cristo.” Agora, mesmo muitos soarem piedosos e até mesmo parecerem ajudar, mas na verdade não é isso. O apostolo continua, “o qual nós anunciamos, advertindo a todo homem e ensinando a todo homem em toda a sabedoria,” (Col. 1:28). Cristo não é um mantra ou qualquer tipo de sentimento fora da razão; Ele é aquele quem perguntou aos discípulos, “Quem dizes que Eu Sou?” (Mat. 16:15). A resposta deles se tornaria seu credo pessoal – não havia como escapar.

            Mas a pregação é mais do que o “o que.” Ela inclui um “para que” também. O apóstolo nos diz, “para isso é que eu também me afadigo, esforçando-me o mais possível, segundo a sua eficácia que opera eficientemente em mim.” (Col. 1:29) – para que fim? Para “que apresentemos todo homem perfeito em Cristo;” (vers. 28). Ele faz isso através de sua admoestação – o verbo significa “confrontar em vias de produzir obediência” – de seus ouvintes. Conhecimento de, e até mesmo Fé em, a Palavra pregada é absolutamente indispensável, mas uma vida de obediência aos mandamentos de Cristo também é indispensável. Os pregadores precisam imprimir um “para que” em seus ouvintes, ou eles não estão pregando. E aqui é onde a pregação se torna propriamente um discurso na segunda pessoa – o pregador chama a responsabilidade para aqueles a quem anuncia a mensagem.

            O pregador precisa apresentar tanto a fundamentação doutrinária como a estrutura ética de cada sermão. Ele é um arauto; ele tem uma mensagem. Mas sua mensagem não é um compendio de informações interessantes; a mensagem é o anuncio das maravilhosas, abençoadas boas novas que devem ser tanto aceitas e colocadas em prática na vida dos crentes.

 

d. A Ceia do Senhor

            A visão reformada da Ceia do Senhor precisa ser distinguida da: (1) Missa católica romana e (2) da visão unicamente memorial sustentada por muitas igrejas evangélicas.A Ceia do Senhor não é uma Missa. “Nesse sacramento, Cristo não está sendo oferecido ao Pai; nem algum tipo de sacrifício real é feito, para remissão de pecados...; mas somente uma comemoração daquele que ofereceu a si mesmo, pelo seu poder na cruz, de uma vez por todas” (CFW, XXIX:2). A doutrina Católica Romana da transubstanciação, a qual diz que o pão e o vinho da Santa Ceia são transformados em substâncias do corpo e sangue de Cristo, deve ser totalmente rejeitada. Assim como devemos rejeitar a doutrina luterana da Consubstanciação, a qual ensina a atual presença do corpo de Cristo “em, com e sob” o pão e vinho da Ceia.

            A Ceia do Senhor também não é meramente uma comemoração memorial. “Os que comungam dignamente, participando exteriormente dos elementos visíveis deste sacramento, também recebem intimamente, pela fé a Cristo Crucificado e todos os benefícios da sua morte, e nele se alimentam, não carnal ou corporalmente, mas real, verdadeira e espiritualmente, não estando o corpo e o sangue de Cristo, corporal ou carnalmente nos elementos pão e vinho, nem com eles ou sob eles, mas espiritual e realmente presentes à fé dos crentes nessa ordenança, como estão os próprios elementos aos seus sentidos corporais.” (CFW, XXIX:7).

            Cristo está realmente presente na administração do sacramento da Ceia do Senhor – não fisicamente, mas espiritualmente. Crentes se alimentam, comungam com, e recebem a graça de Cristo através deste sacramento. Podemos dizer que os crentes se privariam de tal benção se eles se ausentassem da Ceia do Senhor, mesmo sendo que é verdade o fato que eles devem buscar a Deus também por outros meios como a leitura da Palavra e as orações.

            A Ceia do Senhor não é para todo membro do pacto, mas deve ser administrada “somente para os que têm a habilidade de se auto examinarem” (Catecismo Maior, Pergunta 177/ ver 1 Cor. 11:28). Os filhos do Pacto são incentivados a fazer sua Publica Profissão de Fé, e assim serem admitidos na Ceia, assim que eles forem aptos para tal.

            O conselho de cada igreja é encarregado de manter a pureza do sacramento, admitindo para a participação na Ceia, aqueles que se demonstram dignos de tal ato (1 Cor. 11:27-32). Os membros que tiveram seus privilégios de membresia suspensos, não devem ser permitidos de participar da Ceia, também aqueles que se recusam a reconciliar com seu irmão. Da mesma forma, a Ceia do Senhor deve ser cercada de cuidados para que se possam excluir pessoas que tem tido uma vida explicitamente em pecado ou meros visitantes os quais ainda não são parte da igreja nem tampouco professaram sua fé em Cristo Jesus.

 

e. Simplicidade

            A adoração reformada é algo de extrema beleza, mas não tem o sentido de beleza ou de sensualidade. Ao invés, tem a beleza que é mencionada em vários dos salmos. “Tributai ao SENHOR a glória devida ao seu nome, adorai o SENHOR na beleza da santidade.” (Salmo.29:2).

            É por esta razão que a adoração reformada tem sua marca por aquilo que foi sempre conhecido como “completa simplicidade.” A beleza é encontrada na fiel pregação da palavra de Deus, e na simplicidade, sem adornos, mas fiel na administração dos sacramentos, e na manutenção da fiel disciplina. O povo reformado encontra regozijo na verdade e nos bens espirituais que Cristo nos fala quando Ele disse que devemos adorar a Deus em Espírito e em Verdade (João 4:24). Abraham Kuyper falou do “grande perigo que os simbolismos ameaçam o futuro da vida da Igreja Calvinista.” Quando os “simbolismos substituem a revelação,” ele diz, “nos faz retroceder de uma religião consciente para uma religião inconsciente. A Fé Reformada sempre coloca a revelação em primeiro lugar, e só aceita as práticas que refletem tal afirmação e permanecem cautelosos e de forma equilibrada.” Essa simplicidade é a marca registrada de como devemos conduzir a adoração nas Igrejas Reformadas.